sexta-feira, 17 de setembro de 2010

viagem sem retorno

está um calor marcante, como podemos sentir,
o computador esquenta a bermuda

tive medo sutil nas ancas
medo de concentrar

está um calor marcante.

estavam entrando     lágrimas
para que tudo saísse fácil e voltasse à base
todos os dias tomar água
água no rosto.

o corpo a colore:
avermelho.

circulando
conversei com um homem
que tinha a força de contrariar
ele contava as datas nos dedos e conhecia as mortes,
expliquei que estive considerando o calendário, e a tarefa tornou-se impossível
nos caminhos dos seres conversantes, que tomam a casa
a casa por enquanto não existe, mas logo se vê.

não vou converter nada, pois
a tarefa é abrigar os seres ruidosos
diante da água,
^ cachoeira dos dias ^
que cai, me pesa e me enternece principalmente fria
quando o sol ainda bate no vidro

os banhos acontecem somente quando o sol se reflete no box.

DESPEDIDA
desplantado,
humildemente fotografo na terra as raízes
grossas, darrazão que se ergue solto, mas definido
diante do calendário

estamos numa frente sem curvas.
meus olhares desrespeitam qualquer frente,
miúdo adulto infinito privilégio
de encontrar homens que contrariam
cortando-se a própria fala
- - - -
vamos ceifar todos uns os outros
as falas cortadas, colheita
produzindo agora e,
voltando à virgindade,
o que jamais saberemos como velhos,
a glória nova.

as falas são plantadas para deixar o próprio largado
falar - deixar e ir dando -
sentir o calor que nos entrega
- pouco saberemos -
calor que estamos dando.
ficamos ou recebemos, ou o que se encontra.

ACHADOS E PERDIDOS
não desistimos, pois colheitas,
quietos são os homens que falam, olhá-los
produz folhas em volta
como uma árvore descoberta,
e muito de repente, sombra,
grande e certa.

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