sábado, 19 de dezembro de 2009

o grande barato de 2009

na discussão de bar sobre texto, agradeço a deus, ainda bem que podemos contar com isso. o assunto que foi afastado ultimamente é: "o texto é sozinho quando te carregas", um verso muito bonito, proposto como valor positivo. não foi selecionado.

aí + ou -

pensei hoje que falar sozinho não é se carregar. assim, estar sentado, pra escrever, tem um peso. ele  se reflete na bunda ou nos ísquios. esse peso, carregá-lo, é ruim, dói. é ter uma sensação de estar sentado . falar sozinho aqui é deixar que se torne outro, mas radicalmente. hoje vamos falar com a serra elétrica.


Derrapagem | Slippage from mauro cerqueira on Vimeo.


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essa impressora aí em cima é o futuro do universo. toda intenção é inconsciente, não excluíram o desejo. li outro dia o amigo duchamp e guardei: arte é a soma que se faz da intenção do artista, que sequer ele sabe, com a de quem recebe, assim de coração. o coração aberto é por minha conta. não quero o inconsciente de fora do dia-a-dia.

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a classe média brasileira lê o inconsciente Veja. ou: a classe média brasileira lê o inconsciente, Veja. gramática duas por 10 compre já. mas as cadeiras estão cheias de jovens que levantam a cabeça enquanto leem. cuidado com o excluído, vai voltar e puxar seu pé!

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não quero entender o preconceito com a expressão "falar sozinho", quando vejo que ela ainda pode ser lida no mau sentido. não entendo o preconceito com o ato de falar sozinho, quando hoje se fala de performance ou dança ou artes plásticas no sentido lato como uma ameba se mexendo. o campo da performance ainda é totalmente desconhecido, o que essas pessoas estão fazendo de próximo escapa ao nosso performático. elas estão fazendo, elas não param. vamos VER NO QUE DÁ/

falar sozinho ou sozinho falar, o que se prefira, está sendo uma MUDA grossa de planta, veja-se MUDA como aquilo que cê carrega de um lado para o outro - balançando, veja bem -


 
sem rumo - mauro cerqueira


e a muda vira sempre outra pra poder dar pro amigo levar também pro quintal da casa. no quintal da casa tem os filhos do vizinho que brincam com os irmãos mais novos e algum adolescente que não quis fazer careta. em santa teresa, na cidade de belo horizonte, a vizinha deixa bolo em cima do muro que é pequeno. é muito diferente do sion, a poucos quilômetros dali.


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retomando:

NÃO É INTRIGA PÔ
CÊ QUE VÊ
TEM UM BATER NA TECLA
QUE NÃO É VÊ É BLOCO

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eu deste então que escrevi isso pensei em blocos. cheios de lados, mas inteiros. faziam o bloco sem serem partes - uma parte só pode ser separada.

foi mais de uma vez que escutei júlia de carvalho hansen dizer: EU QUERO É BOTAR O MEU BLOCO NA RUA. totalmente demais. a gaja, ela está falando na direção contrária do que diz protect me from what i want. isso nos faz um bem danado, como marcos visnadi.

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paulo nazareth também não quer se proteger. ele quer mais que chinelo: ele quer o pé. esse cara faz um apontamento a um delírio essencial sem acreditar em essência ou substância. uma planta de casa mesmo, fina pra ser projetada sem fim. uma arquitetura mundial que em seu interior permite o vai e vém dos chão.



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o tradicional carnaval de rua deserta belo-horizontino. os blocos, é carnaval. teve uma hora que todo mundo saiu da rua deserta e foi pro caixa automático.  veja o filme.

então voltando. então voltando. então voltando. volta então.

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lados inteiros, porque bloqueiam. a parte separada está aí contrariada, porque é conjunta sim e não se arreda. podemos conversar sobre qualquer coisa, há sempre muito assunto.

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com o povo do graveola e o lixo polifônico, digo que o mundo são papéis desencadernados. não quero o mundo, isso é absolutamente desinteressante e conservador. quero a muda. por isso vim a portugal. o graveola e o lixo polifônico no site disse: "conseguimos pela primeira vez cruzar as tortuosas fronteiras de nosso extenso estado pão-de-queijo".

(o cd aqui.)

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ideia de separado lembra o clipe do foo fighters, "walking after you". eu via o clipe do foo fighters na sétima série, porque era o que passava naquele horário, pra não ter que estudar matemática: depois ficava com consciência pesada (aí era um clipe com a mesma música, "não estudei"). foi uma época assim como a modernidade.

a pessoa fica na cadeia da época, presa como refém de um sequestro de legitimadores. a banca da monografia da dissertação da tese. eu me sentia reprimido pela escola com donos de empresas & data producers dentro e fora da sala. não tinha recreio - tinha, mas eu não conseguia estar em recreio. era um mal-estar constante. llansol: "fomos às universidades, mas prometemos ficar calados".

será que se sentir enjaulado é desde o berço com telefone que avisa quando o bebê chora? é desde a mais tenra idade e eu nasci com isso?

carlos alexandre resume bem a questão das grades, vamos ouvir, é luxo. a marquise não chega aos pés de carlos alexandre, ele é monumental. vá para a cadeia. penso no graveola: "existo em você. um louco engano." são claramente os dois lados da canção operando uma superprodução. temos que ouvir.



o objetivo é a primeira música.

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não é à toa a música eletrônica, é primitivista, mesmo que algumas pessoas vivam ela como a morte do imaginário (sem precisar gostar ou não, numa mania do neutro). por exemplo, há em dusty kid o desejo mais banal e corrosivo: mexer, trocar os lados sem querer com isso ser impositivo nas imagens, a parada só onde você estiver e ê sim.

é um grande modo de afloramento de várias paranoias imaginárias pela música. essa música permite vê-las de longe e dar tchau.

assim o último set dele aqui em lisboa. mas de novo dentro disso vão haver cerimônias. temos que estar preparados para saber receber isso de uma maneira calorosa, porque é importante. é um ato afirmativo eu quero. é um prazer. ninguém na buaty deveria ficar preocupado com isso. nós somos as pessoas que ficam paradas no semáforo, a buaty também tem luz vermelha, todo mundo viu, os sinais não enganam. se viver fosse, poderíamos estar fazendo isso tudo na rua com muito mais frequência?

por que o corpo deve sempre ser uma marca carregada de sentido?

por que devemos ser sempre decodificados? todo mundo sabe que os guardas dormem na fronteira.



Um comentário:

  1. MEU ONOME OCOMPLETO LEVA ACENTO. AGORA, JÁ PERCEBEU NOME TROCA O O E VIRA ONME É QUASE HOMI!!! QUERO O MEU NOME EM HOMI!

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