quinta-feira, 25 de março de 2010

enquanto houver brasil, na hora das comidas

para os garotos do i ching da rua do chão da feira


perdi minha cabeça                 onde está?
deve ter ficado            lá


poder voltar
dar a volta
e voltar a hora
que quiser
é um bala vazia
sem gosto

como as esquinas
tentativas de dias de semana

em portugal a semana brasileira se tornou uma entidade da mitologia grega

eu sei que sempre dei valor ao sozinho como forma de profundidade - e escutar os outros era ser engolido por eles --

no estrangeiro a dor fácil da falta traz o que faltava

para ter prazer em escutar, ou pelo menos conseguir escutar





quando estava no meu brasil brasileiro, era estudante
e falava como quem se mostra,
não como quem se oferece
ou se coloca
para suspender a própria fala quando realmente
não há o que dizer

agora estou no brasil dos outros, êita
de novo há pouco o que ser mostrado
além do q querem ver
e isso é independente
um fluxo pragmático
uma fascinação pra forasteiro

pessoas a caminhar pelas ruas
a esperar no metro

o exotismo português
escancarado
para quem cresceu jogando videogame
meio sem querer aprender direito
só pra fazer uns movimentos

o silêncio escutado dessa visão diária
que nem câmera da prefeitura né
eu dificilmente acho que estou perdendo alguma coisa



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