domingo, 12 de setembro de 2010

me parece que, quando o corpo é colocado em prazer fluído, através da atividade que for, é possível desprender a parte que se colou ao pescoço dura de doer. mas é preciso que o prazer seja ritmado, e não contínuo.

relaxar o pescoço não será possível com a lucidez que gosta do ritmo reinante da coroa dos sujeitos. o ardido ocular pressentido atrás de certos óculos escuros.

o museu do design é um embuste, como se não existisse uma loja como o ikea, a Helena disse. ficou claro que o design de museus é feito para quem tem dinheiro. qual é a utilidade do museu, se o design tem que ser útil.

you call it freedom? i want more
olha, eu juro que isso estava pixado numa esquina da av. Liberdade assim, bem grande, em inglês. 

voltando ao corpo, que todos usamos ou não, caminhávamos sobre um pavimento construído no século dezessete, por onde passa invisível antilusitano o rio Tejo. se ocorrer um terremoto, as estruturas são todas de madeira antiga que se partirá, levando o rio limpo até o Rossio.

uma vez, quando a Helena morava na Baixa, ali perto dessa praça, do Comércio, houve uma tempestade que fez o rio transbordar, esguichar dos bueiros,

muitas fontes. a água mais limpa, quando atua em grande quantidade como numa cachoeira, é ótima para massagear os músculos. quem diria que algo tão incolor e tão diferente ao tato faria uma coisa dessas. chega a competir com as mãos alheias, quando boas fortes.

para desprender a parte dura que se colou pescoço da cidade (estamos todos nela), as sensações ritmadas se repetirão de qualquer forma, seja qual for a sua natureza. gostamos de decorar as sensações para tirarmos delas proveito, repetir como uma criança a mesma história início fim over and over. então por que a massagem não é uma prática livre? a sua prática ainda parece relegada à autoridade de profissionais de natureza variada, quando isso não é verdade. por que é que receber tornou-se tão melhor que fazer?

ombro e pescoço são alcance das mãos ao repentino do guardado na pessoa. mãos, modernos alcançáveis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário